25.10.07

Sonho sim... realidade... um dia quem sabe.

Hoje, quinta-feira, 25 de Outubro de 2007 e sensibilizado por e-mail de uma amiga Nordestina e Natalense, deu-me para ir visitar a sua cidade natal.

A visita foi aérea, que depois da última aventura, fiquei a gostar das vistas mais nas alturas.

Cheguei a Baia Formosa, num sonho, ou numa dessa vontades de por lá estar, certo é que me sentei na cadeira do piloto e tomando os comandos em mão, lá carreguei botão “starter”, para colocar a caranguejola a trabalhar, levando o aparelho para o fim da pista, pista esta privada e pertencente a uma “usina” de cana, a pista me parece em bom estado, acelero picando os cavalos da alada carruagem e lá vou eu, primeiro baixinho, para tudo ver bem depois mais alto para uma visão mais global e desfrutar o passeio.



Primeiro sobrevoo Baia Formosa tiro umas fotos, umas em voo rasante, outras já num ponto mais elevado. O tempo está óptimo para a fotografia.

Agora, já se vê a “Barra do Cunahù” e no horizonte já desponta “Pipa” , continuamos em voo rasante onde na Baía dos Golfinhos, voltamos a disparar o “Kodak”, numa ‘voltarela’ sobre a asa lá tiro mais uma na Praia do Madeiro.

O voo continuava, em esfusiante demonstração da natureza à beira-mar, cada piscadela de olho, era um momento que se perdia daquele encontro de natureza até mim.



Olhei para traz, e fiz rodar 180º o teço-teco e traz, já está, se ficar boa, é uma imagem de sonho. Voltei ao sentido original que era sobrevoar Natal.

Em frente fica Tibau do Sul e sua lindas praias, “pensei agora é de avião que tenho pressa, um dia farei isto por terra, montado nuns daqueles cavalos de fabrico "VW”.

Mais uma rotação agora na praia da barreta e abrir o obturador, fixar mais um momento, agora era ver Tibau lá ao fundo. Lá voltei à formação inicial tentando não me demorar muito mais com as belezas que marginam o Oceano, em outra hora e outro momento eu escolherei, para me deleitar com embriagora paisagem.

Viro para a minha esquerda e apanho como matriz a Br-101, entro em Natal pelo Monumento a Natal e Monumento aos Reis Magos.


Sobrevoo alto e baixinho tão baixinho que dá para tirar foto ao Bodegas bar…

Alguém me sabe dizer que ruas ou avenidas são aquelas?

Pronto o que eu temia, acabou a gasolina em pleno voo, virei o avião para o mar e saltei de pára-quedas, rebolei, rebolei e acordei todo sarapantado em plena noite.


Gosto de voar, de ver as coisas do alto, mas na próxima vou antes de bugy, assim o pior é partir o motor ou ter um furo, mas deve dar para acordar mais levezinho…

Será que eu vi alguém acenando, numa esquina de rua… deve ter sido mesmo visão minha.

24.10.07

Peregrinação a Fátima …(7) …

Sétimo dia – Sábado
Dia 13 de Outubro de 2007

Último dia de peregrinação…

Desta vez não existiu alvorada, nem chamamento, para o que quer que seja, cada um já estava por conta e risco, assim se podia levantar mais tarde… mas tal não foi possível, pois logo cedo e devido ao costume, cedo se começou a levantar todo aquele acampamento, dentro do ginásio.

Um pequeno-almoço oferecido, pela organização, com pão fresco, pois alguém tinha providenciado o mesmo.

Telefone para a filha para saber a localização em que se encontrava, pois ficou a filha mais velha com a incumbência de nos ir buscar a Fátima. Ainda estavam um pouco atrasados, mais ainda traziam o meu neto mais velho o que logo impossibilitava de todo, eles assistirem à missa e à procissão do adeus no Santuário, tal era o mar de gente.

Tomada de um cafezinho, numa baiuca numa esquina do percurso entre o ginásio e local da liturgia.

Vão sendo horas, de nos aproximar-mos, pois pelo registo da noite passada, hoje e com dia ainda seria maior a dificuldade, de nos aparcarmos com os famosos banquinhos, que tanta dificuldade houve na sua aquisição na noite anterior.

Mas lá encontra-mos lugar, perto do mesmo local, perto de nós, chegou um grupo de peregrinos Italianos, que logo ali abancou, simpáticos os casais, muito novos por sinal, mas cheios de devoção, logo atrás um fogoso grupo de espanhola e espanhóis… que estavam sempre a dar vivas à Virgem, Também um grupo da Venezuela não estava distante… de resto à nossa beira, eram Portugueses de todas as idades formas e feitios, letrados e não letrados.
Os altifalantes iam dando alguma música e cantos à Virgem, quando chegou o cântico mais conhecido, então saiu um coro uníssono cantando o “13 de Maio na cova D’Iria”, em todas as gargantas, por espectacular que pareça, os espanhóis, cantaram em espanhol a canção o mesmo fazendo os Italianos.

Pelo frio da noite anterior, e também devido ao cantar (sou um desafinador por excelência… e a minha voz de barítono, mais perto do coaxar de sapo do que um Roberto Carlos), fiquei tossindo um pouco e com a voz rouca… uma senhora que não conhecia de parte alguma, meteu a mão ao bolso e me deu um rebocado de mentol, por ser diabético, ainda estive para rejeitar, mas pensando no acto simples e desinteressado da senhora, me senti incapaz de o fazer e o rebuçadinho foi ali mesmo saboreado. Certo é que a rouquidão logo passou. Não sei o nome da Senhora, mas fica mais uma vez e aqui o meu agradecimento.
A Virgem é retirada do seu altar da Capelinha e é levada, até à nova basílica ali se forma um extenso cortejo, com Cardeais, Arcebispos, Bispos, Padres acólitos e sei eu lá quem mais.

Os Andar com a Virgem vêm aos ombros dos Soldados da Paz (Bombeiros Voluntários, em Portugal são poucos os profissionais, nesta arte de proteger os bens e acompanhar o próximo).
Já se vêm muitos lenços brancos acenado à Virgem, quando ela passa, todo este percurso, demora que parece uma eternidade, sendo sempre Nossa Senhora acompanhada por cânticos de louvor em sua honra, quando a Imagem da Virgem passa perto de nós, pelo segundo dia se me travou a voz e a garganta, só dei por a Rosa me estar pendurada no pescoço, beijando-me e eu a ela… é uma alegria indescritível.
Foi colocada a imagem no altar em zona privilegiada onde todos os peregrinos a pudessem ver.
A Missa é presidida por um Cardeal Italiano (Secretário do Papa), quando ele fala na língua de um grupo ou grupos de peregrinos, é o delírio dos mesmo, levantam bandeiras dos seus países, chegando mesmo a chorar de comoção…

Eu já estive no Vaticano e também vi o papa, no alto de uma janela dirigir-se à multidão de fieis, e sei bem o que se sente quando ouvimos as palavras ditas na nossa língua, e nós respondemos para que todos saibam… estamos aqui… elevamos as bandeiras, pulamos, rimos e alguns choram.
Termina a Eucaristia, se volta a formar a procissão, agora é mesmo o Adeus, lenços brancos e mais lenços esvoaçam por cima das cabeças… lenços e lenços que não param de esvoaçar enquanto e ouve e se canta louvores à Virgem.
Por fim retoma à sua Capinha ao seu altar, e por ali se terminam as cerimónias no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

É a debanda daquelas gentes que de todo o Pás vieram, mesmo dos quatro cantos do Mundo. Agora é o aperto, com todos a querem saírem ao mesmo tempo, pouco faltando para se atropelarem uns aos outros, uma Srª que se esbracejava para sair mais rápido, lá a avisei que não era modo de sair, pois se fosse de joelho ao chão dificilmente sairia com a saúde em bom estado, tal era o mar de gentes, correndo para as saídas.

Como, a Carla e o Marido, não chegariam a tempo da missa e por trazerem o Afonso, ficou então combinado, para melhor gestão do tempo eles almoçariam e se encontrariam connosco no Ginásio do Colégio, lá lhe demos o nome da rua e o nº.

Chegados ao ginásio, já lá se encontravam alguns companheiros, apresentação de alguns familiares dos mesmos e almoço, com o que ainda havia restado do Jantar da noite anterior.
Logo chegou a minha equipe de resgate, que me levaria, novamente para as quentes e calorosas terras do Sul.
Agora a viagem é feita de Auto-estrada, vamos contado algumas peripécias aos filhos, e mais rápido que uma fagulha chego a casa… pudera Auto-estrada desde Fátima até Évora.

Já pela noite, me deito na minha cama… já não tinha esta sensação de bem-estar desde os tempos de Moçambique.

Agora que tomei o gosto qualquer dia faço outra… ser peregrino para S. Tiago de Compostela, eu depois conto, não sei quando mas conto...

Que todos sejam felizes e almejem as vossa esperanças.


Seguintes:
8 – Mais fotos, Mapas e Cânticos e outras lembranças

23.10.07

Peregrinação a Fátima …(6) …

Sexto dia – Sexta-feira
Dia 12 de Outubro de 2007

Último dia de Caminhada…

Alvorada, pela 4, desta vez com a Rosa a ajeitar os pensos nos pés e a ajudar a enrolar a trouxa, todos a postos e bem dispostos, pois era o último dia de caminhada na direcção ao desígnio a almejado.

Agora, todos de camisola igual (homens e mulheres), verde-claro (limão), com a indicação do grupo, apetrechos para as camionetas e todos prontos para o mata-bicho.

Pequeno-almoço, tomado junto ás instalações, já no exterior da escola. Está a amanhecer e desta vez a organização, quer que cheguemos mais cedo ao Santuário.

Sorrisos em todas as caras, a alegria é contagiante, se formam os grupos, se iniciam os cantares e o andamento lá começa com a saída pelas 5,30 horas.

Caminhamos em direcção a Minde, agora não existe dúvida, é sempre a subir, os gémeos e as coxas não têm trabalho facilitado.

Primeiro descanso para reflexão e o abonamento de glicose e matar algum bicho mais feroz que o andamento desmoitou, com bolachas, fruta, alguns aproveitam, para se massajarem e executarem alguns alongamentos, pois já aprenderam alguma coisa nestas caminhadas, que o calcar da estrada faz mossa e da grande.

Mas é necessário andar, que se vai almoçar no Covão do Coelho. Minde à vista, lá atravessamos a vila, já perto da saída e num café, paragem geral, pois não se podia pedir muito esforço e o pior estava para vir… meter a cafeína e repousar um pouco, neste tempo todo de caminhada é a primeira vez que me sento numa mesa de café… e leio um jornal … já tinha dias o “Correio da Manhã”, mas para mim muita das noticias eram frescas, assim retirei um recorte que com a devida vénia reproduzo…

“Capelinha atacada à bomba

A Construção da capelinha iniciou-se a 28 de Abril de 1919. De pedra e cal, coberta de telha, tinha 3,30 metros de altura e 2,95 de largura. A obra estava pronta a 15 de Junho desse ano. A Imagem da Virgem chegou no ano seguinte. Feita de cedro do Brasil e pintada a óleo, foi executada na Casa Fânzeres de Braga, segundo a descrição de Lúcia. Foi colocada na Capelinha a 13 de Junho de 1920. Dois anos depois a 6 de Março de 1922, o templo foi destruído pela explosão de quatro bombas ali colocadas. Uma quinta bomba posta nas raízes da azinheira, não rebentou. A Reconstrução da capelinha teve início a 13 de Dezembro desse ano, desta feita contemplando um alpendre.
Em 1981, a imagem da Capelinha alterou-se radicalmente com a construção de um novo alpendre, em estrutura envidraçada, que se mantém até aos dias de hoje. Uma obra muito criticada na altura por quebrar a imagem tradicional, mas que acabou por se revelar fundamental, já que permite abrigar cerca de 2000 pessoas.”

Quantos sabem que a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima é feita de Cedro do Brasil?

Alguns lá saberão eu não sabia, mas gostei de ficar a saber, até o Padre que nos acompanhou, não sabia, eu lhe fiquei de dar o recorte do Jornal, para memórias e recordações dele, bem como “Gindungo” em óleo, que ele já sente saudades do seu “Gindungo” Angolano.

Saí do café e fui encontrar todo o grupo já sentado no passeio, junto á calçada que formava a estrada, ainda por ali estivemos mais um pouco e eu par os meus botões, “ Se querem chegar cedo, porque ficamos pasmados por aqui? “, pouco depois tive a resposta… formação de grupos e aí vão eles fila de um, novamente a subir aquela serra de Minde na direcção do Covão do Coelho.

Subir, já tínhamos feito centenas de subidas, quase sempre com o betuminoso junto à sola dos calcantes, mas subir, subir foi aquilo…aquela sim é uma subida, comparando as outras… não passam de ligeiros desnivelamentos de terreno, aquela foi mesmo de água pela barba, caramba, algumas subidas de Évora ou Lisboa são íngremes, mas de extensão mais ou menos curta, agora junta Kilometros a uma subida com grau de inclinação extraordinário e tens a subida que tento descrever, já junto ao cimo estava a ver que tinha de parar, era ver aquela gente toda ofegante e de rosto vermelhinho que nem tomate, caramba… a deitar os “bofes pela boca”.

Mas lá nos acercamos ao Covão do Coelho. Pequeno lugarejo com uma Igreja no centro da aldeia.

Um descanso que bem merecido era… depois a Missa, logo seguido de mais um pequeno andamento e Almoço.

Uma das coisas boas era o descanso no seguimento do tratamento da pança, aí se colocavam algumas conversas em dia se dormitava ou se tratava do magoado cabedal, principalmente dos pecíolos que agarrados ás tíbias, estas também doridas.

Levantamento, a alegria que se tinha esvaído no final da manhã, voltou aos rostos, já só faltava uma parte da tarde, para terminar todo aquele sacrifício.

Andar …Andar que são horas, já não íamos sozinhos, na caminhada, outros grupos se atravessavam vindos quer da esquerda quer da direita, outros, nos aplaudiam e nós retribuíamos, “Donde de vêm?”… Perguntava um outro grupo de peregrinos, “Vimos de Évora “… Respondíamos nós, e lá perguntava-mos e Vocês?... “De Lisboa”… responderam eles e batíamos palmas uns aos outros, cantávamos canções de um grupo para outro, tudo em movimento que o tempo não era de paragem, bem queríamos mas, não dava mesmo… a nossa gente por segurança vinha em fila de um... mais grupos mais aplausos, mais perguntas de parte a parte, estava feito o ensaio, para as comoções que aí vinham. Entrada em Fátima, era a alegria estampada, grupos daqui… grupos dali… o nosso grupo de grande que era, que a G.N.R. teve de dar ajuda na interrupção do trânsito, para podermos atravessar algumas artérias… Caminhando para a rotunda dos Pastorinhos… aqui já alguns de mão dada… estávamos quase…quase no fim… chegada à Rotunda, e o pranto rebentou na maioria, tínhamos chegado por fim… Abraços beijos, os agradecimentos… foi um entrelaçar de comoções e corações, Foi o reconhecimento que a maioria das pessoas deste grupo, com diferença social, se pode aproximar e fundir na mesma gente no mesmo povo, criando uma vivência feliz , sem preconceitos sociais, foi digna de ver a chegada á rotunda… eu não sou de choro ou lágrimas… mas eu próprio senti a voz embargada e a boca seca… a boca seca era pela sede… sem dúvida.

Da rotunda dos Pastorinhos ao destino final, ainda é bom caminho, mas não demos pela distância, tal era o ensejo de chegar junto da capelinha das aparições.

Entrada no Santuário, novamente de mãos dadas, passamos ao lado da nova Basílica da Família da Santíssima Trindade, junto à entrada uma multidão de gente pronta para entrar, vieram de longe ou de paragens longínquas (De toda a Europa veio gente até da longínqua Rússia, das Américas do Norte, do Sul com especial relevo para os irmãos Brasileiros, muita fala brasileira eu ouvi.

Entramos no recinto, iniciamos a descida para a capelinha, linda aquela fila de camisolas verdes, que nunca mais terminava, à frente seguia o pendão dos peregrinos da Diocese de Évora, o Padre como em toda a caminhada, também nos acompanhava, ia na fila (também com uma camisola verde igual à de todos os outros … ele bem a merecia, pois alem de bom andarilho, demonstrou sempre ser um companheiro, que era mais um peregrino, igual a todos os outros) … enfim mais umas comoções, agora estávamos todos juntos e na Capelinha das Aparições.

A peregrinação tinha terminado, agora era acompanhar a festa maior, a procissão das velas hoje, amanhã a procissão do adeus e voltar a nossa casa. Assim juntos novamente e em fila, lá vamos para o lugar da pernoita, Pavilhão Desportivo de um Colégio de Freiras.

Retirar as coisas da Camioneta pela última vez, escolher o canto e mais uma vez um palco, a maioria dos homens ficou no palco, as mulheres ficaram no seio do pavilhão… corrida ao banho… o afeitar da cara com a lâmina… a Rosa trata das famosas, que ninguém quer, (as malditas nem fugir sabem…) e um prato de Caldo Verde (o melhor), que as Irmãs aprontaram, para retemperar os estômagos, farnéis de cada um por cima das mesas, e daqui e dali, lá temperamos a bucho.

Depois foi a saída para a Missa e procissão das velas, a noite que tinha começado amena, arrefeceu um pouco com o entrar noite dentro. Mas não me consegui suster em pé, não era só o incomodo dos pés pisados, como eram dores nas articulações, agora que estava mais frio e eu de calções, O recinto estava a rebentar pelas costuras… 250.000 peregrinos, aquilo era a maior multidão que eu já mais vi, mas devagar devagarinho mas não parado, lá consegui sair do recinto do Santuário, e entrar nas ruas das lojas de recordações para comprar dois bancos… (daqueles de abrir e fechar com uma lonazinha por cima…pois desses mesmo, tipo para pescador). Entrei na loja, escolhi os bancos, entrego o cartão para pagar… e o raio do código não entrava… já estava a ficar mesmo fulo comigo mesmo… lá voltei ao recinto… eu tinha retirado pontos estratégicos de apoio para a volta, se não nunca mais encontrava o meu grupinho… mas devagar devagarinho… e com um engano pelo meio lá dei com a rapaziada e pedi o código à Rosa pois o que eu pensava ser não dava mesmo… a malta riu-se da aventura que eu estava tendo… dorido e com uma multidão pela frente… uns sentados, outros deitados, outros levantados… aquilo foi mesmo difícil de transpor… lá voltei eu à loja… mas o código continuava a não ser aceite… já estava a ficar “piurso”, que para “eu,”ficar com os azeites basta comer uma azeitona… lá explicou a lojista, que por ter falhado 3 tentativas a máquina rejeitava o cartão… lá perguntei por uma caixa próxima me indicou uma no BCP… Lá levanto o capital, pago no meio de uma rizada com a lojista e volto para o recinto… passa aqui, ali... sem atropelar ninguém… lá dei com eles mais facilmente, podéra, já era a 4 vez que fazia aquele caminho por entre tanta gente, que já não dava para errar… o meu ponto de referencia era 90º á Cruz da Basílica do Santuário e 45º á capelinha… não falhou nada no escuro e no meio daquela multidão…

Voltei com os banquinhos mesmo a tempo de começar a Missa… Assistimos à procissão das velas e voltámos, para o ginásio do colégio para um sono reparador, que o dia seguinte era o último.




Na fotografia tirada durante uma promessa, o matulão ás costas da pobre senhora é este pobre escriba, que tenta descrever uma peregrinação a Fátima de um grande grupo de amigos. A senhora é sua mãe e ainda vive na sua companhia.

Quem tem uma Mãe tem tudo, quem não tem não tem nada.

Também Nossa Senhora do Rosário de Fátima é nossa Mãe, a ela nos encomendamos para que proceda por nós… Quantas e quantas vezes, no socorremos da nossa Mãe Celeste.

Seguintes Títulos:
7 – A procissão do Adeus e O Caminho da Volta
8 – Mais fotos, Mapas e Cânticos e outras lembranças

21.10.07

Peregrinação a Fátima …(5) …

Quinto dia – Quinta-feira
Dia 11 de Outubro de 2007

Acordar ás 3horas, que a caminhada de hoje é grande e existe a necessidade de caminhar bem e depressa, para este dia serviu o treino dos quatro dias anteriores, o percurso será entre Almeirim e Alcanena em pleno Ribatejo.

Lamina à cara, escova aos dentes, pente ao cabelo, as pomadinhas regulamentares, arrumar os pertences, vestir um agasalho mais forte, que a manhã está fresca e tudo para dentro das camionetas.

Desta vez tive de executar o tratamento aos pés sozinho, pois a namorada estava longe e não me podia acudir, nem eu aproveitar os seus dotes de feiticeira.

Mas sabem o que é um grilo a cantar na noite, pois é, pelas três, tocou um qualquer realejo e não existiu maneira de o calar, lá nos propusemos encontrar o dito animal electrónico, seguindo o som, a toque de ouvido parava-mos junto do Ten.Coronel que nos dizia que não era o dele… remexe daqui e dali e o bicharoco sem meio de calar. Virámos um cadeirão perto e nada do bicho, já desesperados nos calámos para melhor detectar o realejo mas ele vinha da mala do dito Ten.Coronel, revolta na mala e lá se encontrou o aparelhinho, que o Ex. Militar já não se lembrava que o tinha colocado a despertar junto com o telélé. Risota final. A boa disposição continuava a reinar mesmo a horas impróprias.

Tudo para dentro das camionetas, incluído as bagagens de cada um, mais tombos e retombos e eis-nos à porta do café, onde as mulheres já tomavam o pequeno almoço a Rosa esperava por mim e lá nos fomos abancar numa mesinha, para o leite, café, pão manteiga, fiambre e queijo, para quem entendesse colocar um primeiro penso no estômago. Mais um café para acordar algum neurónio mais dorminhoco e rua com eles, para a preparação da fila, seriam para aí umas 4 da manhã, quando aquela centopeia de pernas se pôs em movimento em direcção a Santarém.

Dentro da Vila tudo bem, fora dela um escuro que nem breu, a estrada sem faixas de segurança, com pontões e pontes, mas mesmo no escuro lá fomos serpenteando, nas terras de aluvião do “Tejo”… aqui as equipas de apoio davam uma inestimável ajuda, pois se colocavam em lugares estratégicos, que além de nos mostrarem a estrada, davam indicação ao veículos circulantes da nossa presença, como a fila era grande e desta vez compacta mas de um a um, ouvimos na rádio um aviso à circulação automóvel da nossa presença, ninguém se arrimou a nós e a claridade do dia lá foi despontando, inicialmente como que envergonhada, depois o rei Sol, apareceu com todo o seu esplendor… assim chegamos à ponte de Santarém, estava a mesma em reparação, aquilo é grande mesmo, aqui tivemos um encontro não esperado, um cão… um cão perdido, provavelmente de um caçador, pois tinha aberto oficialmente a caça dias antes.

Por graça ou sem ela o cão só nos largou já para lá de Mira, quase no fim do destino, baptizei-o de Almeirim, pois via-se que o canito estava bem tratado, sempre acompanhou a coluna junto à Cruz. Coisa interessante mesmo, aquela do Cão.

Chegada ao fim da ponte, não seguimos pela subida para Santarém, viramos isso sim para os lados da estação (Ribeira de Santarém) e caminhamos na direcção de Alcanhões. Alcanhões ainda estava longe e a manhã ainda agora começava, caminhamos por estrada secundária agora, um perigo acrescido, pois além de mais estreita, não têm a mesma regularização das estradas anteriores.

Saída da estrada e entrada em estrada Agrícola, agora é que foram elas, piso irregular de terra, com bastante pedra, pouco depois de encontrei o Ramos, parado em descanso, e me disse “Rapaz isto agora é mesmo a doer, estou um pouco cansado, lá lhe disse que não eram horas de pensar nelas, (tanto nas pernas como nas borregas) e para não estar muito tempo parada, pois se arrefece-se lhe custaria muito mais reiniciar a marcha, mas ficou por ali mesmo parado.

Encontrei uma espanhola de Valadolide mas a viver em Badajoz, que aproveitava o tempo, apanhando alguns pequenos cachos de uvas em videiras que já tinham sido vindimadas, entabulamos conversa com a apresentação costumeira, quem és, donde vens, quantas vezes já foste peregrina, muito cansada ou não, a conversa normal para conhecimento entre as pessoas, eu ajudei a que ela tivesse mais uns cachos, no saco… entretanto o Ramos passou por mim num aceleramento total, dizendo que era ele quem mandava no rebanho e não elas e lá foi ele espezinhando as mesmas… como lhe deviam doer as solas dos pés… mas ele lá ia.

Parei um pouco, pois estavam a vindimar, mas em vez de um grande grupo de gentes, só maquinista e máquina para aquela grande vinha e olhem que eram muitos e muitos hectares, estava muito entretido a ver a máquina quando a Rosa me tirou da pasmaceira, pela necessidade de caminhar.

Agora era a subir… lá encontramos o asfalto, na entrada da vila de Alcanhões, Chegados um visionamento da dor que passava por todos, eram pernas no ar, gentes descalças… enfermeiras ao trabalho… mais corte e costura, muito “halibute” e tudo isto na praça principal da pacata vila, a Rosa sentou-se no passeio, logo outras amigas se sentaram perto dela… disse-lhe que ia por um café… ela anuiu com a cabeça e subi rua acima procurando a tão desejada bica.

A moça do café veio até mim, perguntou-me o que queria, mas eu me engasguei, vocês sabem o que é um peito bem feito e quase a descoberto, pois a visão estava ali, perguntando o que eu queria, lá lhe “disse” uma bica e ela foi por ela.

Trouxe o café, e eu devo voltar a ficar com cara de provinciano parvo, o Ramos e o Espada que estavam entrando ainda me viram entornar a chávena do café, como tudo aquilo aconteceu, não sei… o certo é que a moça se prontificou a oferecer outro café… deduzi, que o efeito inesperado, não era só na minha pessoa, outros já tinham sido atingidos… mas deu para uma boa gargalhada entre os três.

Volta tudo para a fila, que a próxima paragem será na vila de Pernes para almoço.
Mais serpentear, agora com mais trânsito automóvel junto ás pernas, a estrada, não tem bermas, só uma linha de tinta branca a delimitar a mesma.

Já próximo, paragem para a missa, que na saída como de costume não houve lugar devido á matina, a Rosa sente-se mal, quase desmaia, tiro-a da igreja e a trago para uma sombra, onde também corre uma aragem numa lateral da igreja, mas logo, logo se restabeleceu, já começam a voltar as cores à face e os calores que a invadiram a desaparecer, voltamos para a igreja, ainda a tempo do inicio da celebração litúrgica. Já tudo passou, demos o incidente por culpa do calor e da despesa calórica.


Paragem para almoço, o que as pernas querem é descanso, o que o corpo quer é descanso o que todos querem é descanso, é velos de pernas agitadas encostadas e erguidas nas paredes… chamada geral para o rancho, lá se vai arrumando toda a gente nas cadeiras… uma coisa eu notei, ninguém torce o nariz à alimentação, vejam só o que faz o esforço, tudo está bem.

Depois o café do costume, que este corpinho, já só anda por meio da cafeína.

Continua o calor, vamo-nos encostando por aqui e por ali, para descansar mais um pouco…pois logo soará a chamada geral.

“Meus senhores e minhas senhoras vamos lá acabar o dia com mais umas subidas e descidas, temos de iniciar a marcha”.

E lá se forma a fila em número de 12 por cada hoste que era o número de apóstolos, mais canções e um Rosário dedicado a Maria.

E assim foi um sobe e desce na direcção de Alcanena, onde chegamos já perto do anoitecer, mais uma vez, jantar sem banho, desta vez o jantar servido no refeitório da escola EB 2/3, em fila de pronto a comer, aproveitei-me das saladas que estavam bastantes frescas.

O descarregar as camionetas… mulheres e homens pela primeira vez, todos juntos, uma particularidade, homens para um lado mulheres para o outro, lá fiquei eu junto do meu grupo da noite e a Rosa na outra ponte junto ao grupo dela.

Montar tudo, para a cama ficar em ordem, desta vez o chão não era de cimento mas sim de tacos, coisa que me agradava mais. A colocar-me dentro do saco cama e a luz a se apagar… por um pouco ainda se ouviu um ou outro falando mas depressa tudo se calou… eu dormi que nem um santinho, dormi tudo de um sono. Mas me contaram que aquele ginásio, virou sala de concertos, as mulheres ressonavam mais alto que os homens… Se um dia existir uma próxima, levo gravador, para não me chamarem nomes… garanto que gravo tudinho.