Ida e volta a S.Tiago de Compostela
Segunda-feira 17-03-2008, levantei-me com ganas de continuar a construção da nova casa de banho, colocar tecto falso, pôr massa de regularização para o assentamento do vinil, aparafusar o gesso na parede virada ao quarto, bem como iniciar a electrificação. Juntei-me ao Fernando pelas 9 horas para o início dos trabalhos da semana e fomos seguindo o delineado para as tarefas programadas para o dia.
O meio dia chegou, já com o tecto falso colocado e eu bastante cansado, pois toda a semana anterior incluindo sábado e domingo estive trabalhando no raio da casa de banho, que não dá mostras de chegar ao fim, pedi à Rosa para ajudar nalgumas limpezas, que nisto de construções em casa é só criar lixo por cima de lixo, mas chegando perto das 12,30, me aproximei da cara metade e lhe disse … e se formos dar uma volta e deixar isto por uns dias… ela olhou para mim muito espantada, esbugalhou os olhos e admirada, me fitou séria e me respondeu … agora …. Retorqui… agora pois, logo a seguir ao almoço.
Disse o Fernando que iríamos tirar umas micro-férias, e só voltaríamos a continuar os trabalhos depois do Domingo de Pascoa… e fui ver do Almoço, pois a Rosa já tinha ido termina-lo.
Depois do almoço voltamos à quinta, arranjamos as coisas, para um par de dias e zarpamos pela auto-estrada que liga Évora a Lisboa. Ali por beira de Vendas Novas e depois de alguma conversa sobre o destino final, tomámos a resolução de rumar ao Norte, uma visita a S.Tiago de Compostela aí uns 700 km de Évora, o que interessava era andar e desanuviar um pouco, ver as paisagens, almoçar e jantar em lugares bonitos ou em Restaurantes já conhecidos, alguns eu não perco quando viajo pelo Norte do Pais.
Resolvemos que iríamos sempre por auto-estrada e que o Hotel da dormida seria em Viana do Castelo.
Fomos devagar, que estávamos desopilando os dois dos trabalhos em casa, por isso nada de mechas. Tivemos sorte pois o tempo se mostrou sempre solarengo durante o dia. Abeiramos ao Porto, com as primeiras estrelas no céu e o início de uma bátega de água, mas coisa pouca, mesmo leve, nada que incomodasse a condução.
Cinco horas de viagem e estamos em Viana do Castelo. Procurar o Hotel onde tínhamos ficado 33 anos antes, durante a nossa primeira viagem a sós, que naquele tempo a sós só depois do casório, rimos, com a senhora da recepção que nos recebeu, pois lhe contei que a Rosa tinha tido uma esplendorosa queda nas escadas, por causa de umas chocas que tinha comprado numa feira, por aquela altura. Preenchemos a papelada e nos dirigimos ao quarto, de lá liguei por telemóvel á Glaucy para nos encontrar, ela ainda não estava disponível para um encontro com os amigos de Évora e combinamos, que voltaríamos a ligar do restaurante onde iríamos Jantar.
De volta a recepção do Hotel perguntei se os “Três Púcaros” ainda existiam no centro da cidade, pois já por ali tinha tomado algumas refeições com a Rosa e sempre fomos bem acolhidos, me deu a informação que já não era da mesma gerência e poderia ter sorte em ser dia sim, mas o mais provável era eu não ficar satisfeito, recomendou-me outro, o “Covas”, numa transversal à marginal.
Lá fomos os dois procurar o “Covas”, entretanto começou a cair uma chuva miudinha, passando travessa e mais travessa, lá encontrámos o “Covas”… estava à pinha, lá do fundo e para a porta me fizeram sinal com as mãos mais parecia um dizer de adeus a duas mãos, saímos dali. Me recordei que tinha passado por um restaurante na avenida marginal, que se encontrava aberto, já debaixo de uma chuvinha mais forte, apressamos o passo e desembocamos no mesmo.
Entramos e mais parecia que estávamos na Galiza, pois só ouvia falar galego, não é que isso me importe, pois entendo perfeitamente o espanhol e melhor ainda o Galego, tanto falavam os clientes para o balcão como o do balcão falava para os clientes e tudo em Galego, deu para entender rapidamente que o dono da “casa de pasto” era Galego, mas quem nos veio atender e servir era bem Português e não trocava o “vs” pelos “bs”. Jantamos de “Fiel Amigo” , bacalhau frito de cebolada acompanhado de um verde branco geladinho, bem da região do Alto Minho.
No inicio da refeição entraram o Alex e a Glaucy, que vieram o nosso encontro para um bate papo, esse que se prolongou pelo café… e nos acompanharam até ao hotel, onde colocamos mais uns pontos na conversa, para a coisa ficar em dia. Ali ficamos sabendo que o Alex teria a legalização para permanecer em Portugal no dia seguinte, coisa que o Alex almejava vai para cinco anos, assim e no dizer dele já pode visitar a família no seu Ceará… Já a Glaucy vai esperar mais um tempinho, entretanto vai mandar vir a Mãe com visto de turista para matar saudades…saudades que ela muitas tem da sua Fortaleza e da sua novel sobrinhita que ainda não conhece pessoalmente… ainda os convidamos para irem connosco até S.Tiago, mas os dois declinaram o convite, pois o Alex tinha de estar no Serviço de Estrangeiro e Fronteiras (SEF) logo pela manhã e a Glaucy queria acompanhar a todo o momento cada passo dado.
Dia 18 tomada do pequeno almoço no Hotel e partida em direcção a Valença (fronteira), via auto-estrada, tempo muito bom para a condução e pouco transito no sentido que levávamos, ainda pensei em almoçar uma mariscada no mercado de peixe do porto de Vigo, mas era muito cedo para o almoço, abastecemos o carro com gasolina e caminhamos até S.Tiago passando por Pontevedra.
Chegada a S.Tiago, mesmo a horas de almoço, mas “nuetros hermanos”, só almoçam lá para as 3 da tarde, assim resolvemos visitar a Catedral, ajoelhar um pouco junto à urna do Santo, fazer umas comprinhas para as filhas e netos e ir almoçar.
No local onde compramos os “recuerdos” perguntei á balconista onde se comia bem em S.Tiago, me recomendou o restaurante “Gato Preto” que era ali bem perto… lá fomos procurar o dito cujo… mas o mesmo não passa de uma “Taberna”, o mesmo não agradou muito à Rosa e fomos por outro, subimos ao “comedor” do escolhido e muita pouca gente, nós o “Garçon” e nada mais, torcemos os dois o nariz, mas nada mais nos restava, o local era limpo, bem arranjado e com uma musica de fundo muito razoável, pedimos a paparoca “Paelha à Valenciana”, de paelha só tinha o açafrão, o arroz e um ou outro camarão perdido no meio do mesmo, ainda tive quer dar dois ou três dos meus à Rosa pois na “Paelha” dela, só restava o cheiro do marisco, para encobrir melhor ,o “Chefe” tinha enrolado o arroz em manteiga… o manganão… se salvou o vinho um verdasco branco da casta Ribeiro, que estava completamente desajustado do repasto, este sim era de boa cepa. O “Chefe” subiu para esclarecer outros “amantes da boa comida”, estive mesmo para perguntar se ele sabia como se confeccionava uma “paelha” mas a Rosa lá me conseguiu conter e o “Cuca” lá escapou de boa.
À saída do restaurante passamos em frente do “Gato Preto”… bem só vos digo…que estava cheio…mas cheio, é pouco. Já tinham colocado uma tábua cruzando à porta, indicando que não aceitavam mais clientes, quem diria que aquela tabernola transformada em casa de pasto, era o melhor “comedouro” lá do sítio, milagres destes só mesmo em S.Tiago de Compostela. Quando voltar a S.Tiago …sem dúvida que vou almoçar ao “Gato Preto”, com ou sem mochos, rodeando aquelas mesinhas quadradas com tampo de pedra.
Ainda era cedo… como tal resolvemos voltar até Évora… a caminhada era ainda de sete centenas e tal de quilómetros e eu ainda queria jantar um dos meus pratos favoritos, lá pela zona da Mealhada… Leitão, quentinho e estaladiço…assadinho com muita pimenta.
Agora virados a Sul a chuva se lembrou de nos visitar, uma chuva miudinha, mas incomodativa, pois o limpa vidros não parava de trabalhar… são dezoito e trinta da tarde … parámos na Mealhada no “Meta dos Leitões”, pois o “Pedro dos Leitões” é logo ao lado mas estava fechado, mas no “Meta dos Leitões”, o “Leitãozito” nada fica a dever nada ao do “Pedro”, claro que veio Leitão quanto baste, quentinho e estaladiço… foi um fartote do mesmo, regado com um vinho brando, com cheiro a flores e levemente borbulhento, um regalo, mas como quem conduz não bebe … a Rosa provou e voltou ao sumo, que agora iria ela fazer uns kilometros junto à roda de direcção do nosso “Gasolina”.
Paramos na Zona de abastecimento de Santarém, abastecemos e eu voltei para o volante, executando o resto do caminho pela auto-estrada.
Chegada a Évora…tudo correu bem e deu para desprender, desanuviar e desopilar as ideias.
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